Aeroportos

Pois bem, fez ontem uma semana que fui buscar o Hans ao aeroporto depois de 4 dias sem o ver... Foi avassalador! Calma...não me refiro ás saudades que tinha dele, que eram muitas obviamente...refiro-me ao que vi!
Desde 2009 que a minha ida e regresso do aeroporto de Lisboa é quase feita de olhos fechados, porque ora era o Hans, ora era o mano, ora era a cunhada, ora....enfim! Passou a fazer parte dos meus trajectos mais conhecidos...e desde então nunca tinha visto o aeroporto como o vi á uma semana atrás.
Refiro-me á zona de chegadas...á zona da felicidade como costumo dizer!(uma vez que a zona das partidas é dolorosa, pelo menos a meu ver!)

Cheguei e estranhei o movimento, uma vez serem 9:30h da noite, fora das épocas mais festivas e movimentadas do Aeroporto! Estava cheio...cheio de familias que ansiavam a chegada dos familiares...mas desta vez não vi a chegada de parentes "afastados"!
Assisti á chegada de pais aos braços de suas mulheres e filhos...era uma avalanche de crianças á espera de um dos seus progenitores... e a alegria nos olhos delas quando os abraçavam deixou-me quase a chorar...
Já tinha visto muitos episódios destes, claro! Mas desta vez foi diferente, porque a realidade é diferente...eu sei que muito provavelmente estes pais emigraram para tentar dar uma melhor aos filhos...alguns deles foram embora para criar "ninho"e depois levarem a restante familia com eles... alguns devem ter chegado ao limite por cá e só quando se viram de corda ao pescoço é que decidiram ir... Vi mulheres agarradas aos maridos, lavadas em lágrimas...E isto foi avassalador, na medida em que fiquei a pensar: Porra! Mas nós não temos outra solução?! Vamos todos embora e depois?! ...Os pais?! os avós?! a família que cá fica?!os amigos?! É um debate interno muito grande, porque embora lá fora se ganhe bem mais e não se conte tostões, a vida de emigrante é muito dificil...e o coração vive em constante aperto..e parece que nunca se vive um momento em pleno(seja ele de felicidade ou uma coisa simples!) porque nos falta sempre um bocado...o bocado que deixámos no país de origem!Vivi 3 meses fora e bastou...
Sei que é a realidade e sei também que poderá vir a ser a minha realidade, mas até lá quero continuar a acreditar que neste país também se pode ser feliz...e que se pode valorizar muitas outras coisas que nos tornam tão, ou mais, ricos do que se fossemos para fora!
Um momento de risada com os meus pais... um beijo dos sobrinhos/afilhados...uma maluqueira da avó...um abraço de amigos e familiares...brincadeiras com os primos...convívios de fim de tarde...jantaradas com amigos... Poder estar quando precisa!
Ver, estar e ser...
Não vir um dia a pensar: E se eu estivesse cá podia ser diferente?!